QUANDO A ESCOLA ESCUTA A FLORESTA CARVOARIA, ENSINO E JUSTIÇA AMBIENTAL NO ANTROPOCENO

Main Article Content

Queles Teixeira de Souza Reis
Elizeu Pinheiro da Cruz

Abstract

What knowledge emerges when the school listens to the forest? This question runs through the text as a guiding thread. The article results from an ethnography carried out in Matina, in the backlands of Bahia, where charcoal production reveals environmental wounds, silenced memories, and practices of resistance. When the school welcomes these narratives, it becomes a space for reflection and connection with the territory. Inspired by Tim Ingold, Vinciane Despret, Donna Haraway, Anna Tsing, and Bruno Latour, the authors problematize the teaching of Science as an act of listening and shared responsibility in the Anthropocene. Charcoal production, as a practice marked by both subsistence and devastation, appears in the text as a relational operator of knowledge, practices, and conflicts, to think about socio-environmental justice and the reconfiguration of bonds between humans and more-than-humans. The charcoal worker is described as one who provokes another way of teaching: rooted, hesitant, and ethical. It is about sustaining estrangement while inhabiting the wounds of the Anthropocene.

Downloads

Download data is not yet available.

Article Details

How to Cite
Teixeira de Souza Reis, Q., & Pinheiro da Cruz, E. (2025). QUANDO A ESCOLA ESCUTA A FLORESTA: CARVOARIA, ENSINO E JUSTIÇA AMBIENTAL NO ANTROPOCENO. SBEnBio Biology Teaching Journal, 18(nesp.1), 536–550. https://doi.org/10.46667/renbio.v18inesp.1.2028
Section
Dossiê Temático: Ensino de Biologia diante do Antropoceno: fabulando respostas, experimentando caminhos

References

ACSELRAD, Henri. Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará; Fundação Heinrich Böll, 2004. ISBN 978-85-7316-358-2.

ACSELRAD, Henri; MELLO, Cecília Campello do Amaral; BEZERRA, Gustavo das Neves. O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. ISBN 978-85-7617-159-1.

ANDRÉ, Marli Elisa Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus, 1995.

BOURDIEU, P. O camponês e seu corpo. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 26, p. 83-89, 2006.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 10 out. 2024.

COSTA, Maria Cristina Castilho. Etnografia de arquivos: entre o passado e o presente. Matrizes, São Paulo, v. 3, p. 171–186, 2010. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/matrizes/article/download/38263/41064/0. Acesso em: 7 ago. 2025.

CRUZ, Elizeu Pinheiro da. Plantas em mãos habilidosas e em modos específicos de ver: uma etnografia em cenários botânicos. Vivência – Revista de Antropologia, Natal, v. 1, n. 54, p. 173–191, 2020a. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/vivencia/article/view/17713. Acesso em: 7 ago. 2025.

CRUZ, Elizeu Pinheiro da. Quando biólogos olham para os bichos: caatinga, ecologia e zoologia entre vida, trabalho e morte. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 26, n. 57, p. 115–144, 2020b. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/MXZ6k7yGJSQXQCqV2kLzm7M/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 7 ago. 2025.

CRUZ, Elizeu Pinheiro da; LEÃO, Gabriel de Jesus Leão; DOURADO, Robson de Cássio Santos Dourado. Represamento de violência em modos de habitar territórios de mineração. Etnografías Contemporáneas, [S. l.], v. 10, n. 19, 2024. Disponível em: https://revistasacademicas.unsam.edu.ar/index.php/etnocontemp/article/view/1788. Acesso em: 5 ago. 2025.

DESPRET, Vinciane. Leitura etnopsicológica do segredo. Fractal: Revista de Psicologia, v. 23, n. 1, p. 5–28, abr. 2011.

GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995.

HARAWAY, Donna. Anthropocene, Capitalocene, Plantationocene, Chthulucene: making kin. Environmental Humanities, v. 6, n. 1, p. 159–165, 2015. Tradução de Susana Dias, Mara Verônica e Ana Godoy – Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. ClimaCom – Vulnerabilidade, Campinas, ano 3, n. 5, 2016. Disponível em: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/antropoceno-capitaloceno-plantationoceno-chthuluceno-fazendo-parentes/. Acesso em: 10 jul. 2025.

HARAWAY, Donna. Ficar com o problema: fazer parentes no Chthluceno. São Paulo: N-1 Edições, 2023. Disponível em: https://n-1edicoes.org/publicacoes/ficar-com-o-problema-fazer-parentes-no-chthluceno/. Acesso em: 27 jul. 2024.

INGOLD, Tim. Antropologia e/como educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.

INGOLD, Tim. O dédalo e o labirinto. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 21, n. 44, p. 21–36, jul. 2015.

LATOUR, Bruno. Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no Antropoceno. Tradução de Maryalua Meyer. 1. ed. 2020a. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/13RHL1cfyDVOiHJKfq9IJOM3cnQevWm1U/view. Acesso em: 20 maio 2023.

LATOUR, Bruno. Onde aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno. Tradução de Marcela Vieira. Rio de Janeiro: Bazar Tempo, 2020b.

LATOUR, Bruno. Para distinguir amigos e inimigos no tempo do Antropoceno. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 57, n. 1, p. 11–31, 2014. DOI: 10.11606/2179-0892.ra.2014.87702. Disponível em: https://revistas.usp.br/ra/article/view/87702. Acesso em: 30 jul. 2025.

LATOUR, Bruno. Políticas da natureza: como fazer ciência na democracia. Tradução de Carlos Aurélio Mota de Souza. Bauru: EDUSC, 2004.

MATINA. Documento Referencial Curricular Municipal de Matina-BA. Diário Oficial, Matina, 21 dez. 2020.

PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 20, n. 42, p. 377–391, dez. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/n8ypMvZZ3rJyG3j9QpMyJ9m/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 14 jan. 2024.

RABELO, Miriam. Considerações sobre a ética no candomblé. Revista de Antropologia, São Paulo, Brasil, v. 59, n. 2, p. 109–130, 2016. DOI: 10.11606/2179-0892.ra.2016.121935. Disponível em: https://revistas.usp.br/ra/article/view/121935. Acesso em: 24 ago. 2025.

SANDRONI, Laila T.; CARNEIRO, Maria José T.. “Conservação da biodiversidade” nas ciências sociais brasileiras: uma revisão sistemática de 1990 a 2010. Ambiente & Sociedade, v. 19, n. 3, p. 21–46, jul. 2016.

STENGERS, Isabelle. Introductory notes on an ecology of practices. Cultural Studies Review, v. 11, 1, p. 183-196, 2005.

TSING, Anna Lowenhaupt. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Edição de Thiago Mota Cardoso; Rafael Victorino Devos. Brasília: IEB Mil Folhas, 2019.