A branquitude no discurso sobre desenvolvimento sustentável nos livros didáticos de Biologia
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O presente artigo tem por principal objetivo analisar os discursos materializados em livros didáticos de Ciências Biológicas sobre a questão do desenvolvimento sustentável e, discutir de que forma esse conteúdo expressa aspectos da branquitude enquanto valor da matriz colonial de poder. Foram selecionados para análise sete livros didáticos de biologia, disponibilizados para alunos da rede pública de ensino por meio do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). A metodologia adotada foi a da pesquisa documental, assegurada pelo método de análise do paradigma indiciário Ginzburg (1989). Os resultados sinalizaram para o fato de que discursos hegemônicos que asseguram a matriz colonial de poder nas mãos da branquitude, são reproduzidos ao serem tratadas as temáticas de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável nos documentos.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Referências
AGUILAR, J. B.; NAHAS, T.; AOKI, V. L.M. Ser protagonista: ciências da natureza e suas tecnologias. Ensino médio. São Paulo: SM Educação, 2020.
ALBUQUERQUE, U. P. et al. Humans as niche constructors: Revisiting the concept of chronic anthropogenic disturbances in ecology. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 16, n. 1, p. 1-11, 2018.
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
AMABIS, J.M. et al. Ciências da natureza e suas tecnologias. Manual do Professor. São Paulo: Moderna, 2020.
BEZZON, R. Z. ; DINIZ, R. E. S. O conceito de ecossistema em livros didáticos de biologia do ensino médio: abordagem e possíveis implicações. Educação em Revista, v. 36, 2020.
BITTENCOURT, C. M. F. Apresentação. Educação e Pesquisa, v. 30, n. 3, p. 471-473, 2004.
CARDOSO, L. Branquitude acrítica e crítica: a supremacia racial e o branco anti-racista. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales Niñez y Juventud, v. 8, n. 1, p. 607-630, 2010.
CELLARD, A. A análise documental. In: POUPART, J. et al. (Org.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 295-316.
CLEMENT, C. R. 1942 and the loss of amazonian crop genetic resources. I. The relation between domestication and human population decline. Springer on behalf of New York Botanical Garden Press Stable, v. 53, n. 2, p. 188-202, 1999.
DIEGUES, A. C. S. (Org.). Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. 2. ed. São Paulo: HUCITEC/ANNABLUME/NAPAUB-USP, 2000.
EL-HANI, C. N.; ROQUE, N.; ROCHA, P. L. B. DA. Livros didáticos de Biologia do Ensino Médio: resultados do PNLEM/2007. Educação em Revista, v. 27, n. 1, p. 211-240, 2011.
ESCOBAR, A. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento? In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005. p. 69-86.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. Trad. Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
GODOY, L; AGNOLO, R. M. D; MELO, W.C. Multiversos: ciências da natureza - ciência, sociedade e ambiente. Ensino médio. São Paulo: Editora FTD, 2020.
GONÇALVES, C. W. P. Os (des)caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1989.
KRENAK, A. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
KRIPKA, R. M. L.; SCHELLER, M.; BONOTTO, D. L. Pesquisa documental na pesquisa qualitativa: conceitos e caracterização. Revista de investigaciones UNAD, Colombia, v. 14, n. 2, p. 55-73, 2015.
LEVIS, C. et al. How people domesticated amazonian forests. Frontiers in Ecology and Evolution, v. 5, 2018.
LOPES, S.; ROSSO, S. Ciências da Natureza Lopes & Rosso - Energia e consumo sustentável. Manual do professor. São Paulo: Moderna, 2020.
MARÍN, Y. A. O.; CASSIANI, S. Enseñanza de la Biología y lucha antirracista: Posibilidades al abordar la alimentación y nutrición humana. Revista de Educación en Biología, v. 24, n. 1, p. 39-54, 2021.
MIGNOLO, W. D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 94, 2017.
MIGNOLO, W. Histórias locais - projetos globais: colonialidade, saberes subalternizados e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
SANTOS, K.C. Diálogo: ciências da natureza e suas tecnologias. Manual do professor. São Paulo: Moderna, 2020.
MUNANGA, K. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. In: SEMINÁRIO NACIONAL RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO PENESB. Anais do...Rio de Janeiro, 2003.
OROZCO, Y.; CASSIANI, S. Enseñanza de la Biología y lucha antirracista: posibilidades al abordar la alimentación y nutrición humana. Revista de Educación en Biología, v. 24, p. 39-54, 2021.
OROZCO, Y.; NUNES, P.; S, Cassiani. Branquitude e a Cisgeneridade problematizadas na formação de professoras(es) de Ciências e Biologia: uma proposta decolonial no estágio supervisionado. Revista Eletrônica Ensino, Saúde e Ambiente, v. Especial, p. 224-237, 2020.
POSEY, D. A. Indigenous management of tropical forest ecosystems: the case of the Kayapó indians of the Brazilian Amazon. Agroforestry Systems, v. 3, n. 2, p. 139-158, 1985.
QUIJANO, A. A colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Lander, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSON, 2005.
SANTOS, B. S. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo, 2007.
SANTOS, B.S. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, v. 63, p. 234-280, 2002.
SCHUCMAN, L. V. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. São Paulo: Editora Veneta, 2016.
SILVA, L. A. Mulheres Negras e suas representações nas coleções de livros didáticos de biologia aprovados pelo PNLD - 2015. Uberlândia - MG: Universidade Federal de Uberlândia, 2018.
SOUZA SOARES, K. M de. A população negra nos livros didáticos de biologia: uma análise afrocentrada por uma educação antirracista. João Pessoa, PB: Universidade Federal da Paraíba, 2020.
THOMPSON, M. et al. Conexões ciências da natureza e suas tecnologias. São Paulo: Moderna, 2020.
TOLEDO, V. M.; BARRERA-BASSOLS, N. A etnoecologia : uma ciência pós-normal que estuda as sabedorias tradicionais Ethnoecology : a post-normal science studying the traditional knowledge and wisdom. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 20, p. 31-45, 2009.