COMPOR ESTUDOS CULTURAIS NO ANTROPOCENO POR UMA EDUCAÇÃO PÓS-ANTROPOCÊNTRICA
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este ensaio reflete experiências docentes inspiradas pelos Estudos Culturais, em diálogo com a Educação, para problematizar o ensino de Biologia no Antropoceno. Propomos uma escrita que tensiona os binarismos natureza–cultura e humano–não humano, desafiando o antropocentrismo e os regimes de invisibilização. Inserido nos debates multiespécies e na virada não humana, o texto a compreende como uma prática político-intelectual crítica e urgente. Analisamos como tradições biológicas moldam práticas de pesquisa e formação, especialmente aquelas baseadas na morte animal, enraizadas em racionalidades coloniais e especistas. Discutimos a virada não humana nas Ciências Biológicas, com foco na ética, no ensino e na formação docente. Abordamos dimensões biopolíticas e necropolíticas que atingem humanos e não humanos, propondo uma ética interespecífica contra a indiferença. Convocamos os Estudos Culturais a enfrentar as urgências contemporâneas sob uma perspectiva pós-antropocêntrica e dialogar com práticas educativas não especistas e os Critical Animal Studies, afirmando sua potência para novos horizontes éticos e pedagógicos.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Referências
AGAMBEN Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
ALMIRON, Núria. Communicating solidarity - the ethics of representing human and nonhuman distant suffering. In: KHAZAAL, Natalie; ALMIRON, Núria (org.) Like an Animal – Critical Animal Studies approaches to borders, displacement, and othering. Leiden; Boston: Brill, 2021. p. 51-75.
ALMIRON, Núria. Especismo y capitalismo. In: FARIA, Catia; ALMIRON, Núria (org.). Especismo y lenguage. Madrid: Plaza y Valdez, 2024. p. 23-34.
ALMIRON, Nuria; ARANCETA-REBOREDO, Olatz. Lobbying against compassion: A review of the ethics of persuasion when nonhuman animals suffering is involved. Methaodos - Revista de Ciencias Sociales, v. 10, n. 2, p. 410-418, 2022. DOI: https://doi.org/10.17502/mrcs.v10i2.575.
ALTVATER, Elmar. The Capitalocene, or Geoengineering against Capitalism’s planetary boundaries. In: MOORE, Jason W. (org.). Anthropocene or Capitaloceno: nature, history, and the crisis of capitalism. Oakland, CA: PM Press, 2016. p. 138-152.
BEVILACQUA, Ciméa Barbato. Pessoas não-humanas: Sandra, Cecília e a emergência de novas formas de existência jurídica. Mana, v. 25, n. 1, p. 38-71, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-49442019v25n1p038.
BONE, Jane; BLAISE, Mindy. An uneasy assemblage: prisoners, animals, asylum-seeking children and posthuman packaging. Contemporary Issues in Early Childhood, v. 16, n. 1, p. 18-31, 2015. DOI: https://doi.org/10.1177/1463949114566754.
COETZEE, John Maxwell. A vida dos animais. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
COLLING, Sarat. Insurrección animal – historias extraordinarias de rebelión y resistencia de los animales en la era del capitalismo global. Madrid: Erra Naturae editores, 2024.
CONFERENCIA: STUART HALL Y LOS ESTUDIOS CULTURALES. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (1h42min). Publicado pelo canal Canal Universidad Católica de Pereira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RmAhd4mgnNE. Acesso em: 23 jul. 2025.
CORD, Florian. Political Ontologies: Cultural Studies and the Nonhuman Turn. Critical Habitations, n. pag. Web. 20 July 2022a. Disponível em: https://crithab.hypotheses.org/files/2022/08/critical-habitations-debate-2_3-cord.pdf. Acesso em: 20 set. 2024.
CORD, Florian. Posthumanist Cultural Studies: taking the nonhuman seriously. Open Cultural Studies, n. 6, p. 25-37. 2022b. DOI: https://doi.org/10.1515/culture-2020-0138.
CORD, Florian: “(Re-)Assembling Cultural Studies”, Culture Unbound, v. 14, n. p. 11-26, 2022c. Disponível em: http://www.cultureunbound.ep.liu.se. Acesso em: 20 set. 2024.
COULDRY, Nick. Estudos culturais – Podemos/devemos reinventá-los? In: SANTOS, Luís Henrique Sacchi dos; KARNOPP, Lodenir Becker; WORTMANN, Maria Lúcia Castagna (org.). O que são estudos culturais hoje? Diferentes praticantes retomam a pergunta do International Journal of Cultural Studies. São Paulo: Editora Pimenta Cultural, 2022. p. 45-56. E-book. Disponível em: https://www.pimentacultural.com/livro/estudos-culturais/. Acesso em: 20 mar. 2025.
COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
CRUZ, Elizeu Pinheiro da. Plantas, animais, biólogos e outros entes na caatinga: notas etnográficas em mundos de areia. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018. Disponível em: https://ppgcs.ufba.br/sites/ppgcs.ufba.br/files/tese_de_doutorado-elizeu_pinheiro_da_cruz.pdf. Acesso em: 20 jan. 2025.
CRUZ, Elizeu Pinheiro da. Quando biólogos olham para os bichos: caatinga, ecologia e zoologia entre vida, trabalho e morte. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 26, n. 57, p. 115-144, maio/ago. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832020000200005.
DINKER, Karin Gunnarsson; PEDERSEN, Helena. Critical Animal Pedagogies: re-learning our relations with animal others. In: LEES, Helen E., NODDINGS, Nel (org.). The Palgrave International Handbook of Alternative Education, London: Palgrave Macmillan, 2016. p. 415-430.
FARIA, Catia. Animal ethics in the wild - wild animal suffering and intervention in nature. Cambridge, United Kingdom; New York, NY: Cambridge University Press, 2023.
FARIA, Catia; ALMIRON, Núria (org.). Especismo y lenguage. Madrid: Plaza y Valdez, 2024. p. 23-34.
FÖRNAS, Johan. Estudos culturais: atravessando fronteiras, defendendo distinções. In: SANTOS, Luís Henrique Sacchi dos; KARNOPP, Lodenir Becker; WORTMANN, Maria Lúcia Castagna (org.). O que são estudos culturais hoje? Diferentes praticantes retomam a pergunta do International Journal of Cultural Studies. São Paulo: Editora Pimenta Cultural, 2022. p. 57-78. E-book. Disponível em: https://www.pimentacultural.com/livro/estudos-culturais/. Acesso em: 20 mar. 2025.
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas: uma Arqueologia das Ciências Humanas. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
GIORGI, Gabriel. Formas comuns – animalidade, literatura e biopolítica. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
GROSSBERG, Lawrence. El corazón de los estudios culturales: contextualidad, construccionismo y complejidad. Tabula Rasa. Bogotá, n. 10, p. 13-48, 2009. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/tara/n10/n10a02.pdf. Acesso em: 20 jul. 2025.
GROSSBERG, Lawrence. Lutando com anjos: os estudos culturais em tempos sombrios. Matrizes, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 13-46, julio-diciembre, 2015. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=143043226002. Acesso em: 20 jul. 2025.
GUTMAN, Amy. Introdução. In: COETZEE, John Maxwell. A vida dos animais. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 7-16.
HALL, Stuart. Estudos Culturais e seu legado teórico. In: SOVIK, Liv (org.). Da diáspora: Identidades e mediações culturais. 3. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2023. p. 183-200.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio: Epicuri, 2016.
HARAWAY, Donna J. Staying with the trouble: Anthropocene, Capitalocene, Chthulucene. In: MOORE, Jason W. (org.). Anthropocene or Capitaloceno: nature, history, and the crisis of capitalism. 2016. p. 34-76.
HUPFFER, Haide Maria; ROQUE, Thais Rúbia; BARROS, Marcelo Pereira. O desastre ambiental do Rio Grande do Sul e os direitos dos animais. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFBA, Salvador, v. 34, n. 2, p. 1-28, 2024. DOI: https://doi.org/10.9771/rppgd.v34i0.64042.
JARDINE, Nicolas; SPARY, Emma. The natures of cultural history. In: JARDINE, Nicolas; SPARY, Emma. (org.). Cultures of Natural History. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. p. 3-13.
LEWGOY, Bernardo; SEGATA, Jean. A persistência da exceção humana. Vivência: Revista de Antropologia, v. 1, n. 49, p. 155-164, 2017.
MACIEL, Maria Esther. Animalidades – zooliteratura e os limites do humano. São Paulo: Instante, 2023.
MARENGO, José A. et al. O maior desastre climático do Brasil: chuvas e inundações no estado do Rio Grande do Sul em abril-maio 2024. Estudos Avançados, v. 38, n. 112, p. 203-227, 2024. Disponível em: DOI: 10.1590/s0103-4014.202438112.012.
MOORE, Jason W. Introduction - Anthropocene or Capitaloceno: nature, history, and the crisis of capitalism. In: MOORE, Jason W. (org.). Anthropocene or Capitaloceno: nature, history, and the crisis of capitalism. 2016. p. 1-11.
NELSON, Cary; TREICHLER, Paula; GROSSBERG, Lawrence. Estudos culturais: uma introdução. In: SILVA, Tomaz T. (org.) Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 7-38.
PEDERSEN, Helena. The school and the animal other – an ethnography of human-animal relations in education. 2007. Göteborg Studies in Educational Sciences - Goteborg, SE, 2007. Disponível em: https://gupea.ub.gu.se/handle/2077/17053
PEDERSEN, Helena. Post-anthropocentric pedagogies: purposes, practices, and insights for higher education, Teaching in Higher Education, p. 1-15, 22 jun. 2023. DOI: https://doi.org/10.1080/13562517.2023.2222087.
PETERS, Anne; STUCKI, Saskia; BOSCARDIN, Livia: The Animal Turn – what is it and why now? VerfBlog, 14 abr. 2014. Disponível em: https://verfassungsblog.de/the-animal-turn-what-is-it-and-why-now/. Acesso em: 15 out. 2024.
PONCE DE LEÓN, Alejandro. América Latina y el giro botánico en los estudios culturales. Tabula Rasa, n. 46, p. 49-64, 2023. DOI: https://doi.org/10.25058/20112742.n46.03.
RITVO, Harriet. On the Animal Turn. Daedalus, v. 136, n. 4, p. 118-122, 2007. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/20028156. Acesso em: 20 fev. 2025.
TERRON, Joca Reiners. Onde pastam os minotauros. São Paulo: Editora Todavia, 2024.
VERUNSCHK, Micheliny. O som do rugido da onça. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.