OS CADERNOS SELVAGENS OUTROS-QUE-HUMANOS EM EXPERIMENTAÇÕES PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE BIOLOGIA

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Eduardo Silveira

Resumo

O que investigamos são possibilidades de fabulação pedagógica no ensino de biologia a partir do exercício de escuta das mensagens vindas de seres mais-que-humanos, especialmente plantas e pássaros. Inspirado por autores como Donna Haraway, Anna Tsing, Ailton Krenak, Richard Powers e Manoel de Barros, o artigo experimenta, à maneira de Ursula Le Guin, criar uma bolsa onde caibam estórias disparadoras de experimentações curriculares com dispositivos artísticos de diálogo, desenvolvidos com estudantes de um curso técnico em meio ambiente. Os resultados desse processo foram registrados na forma de cadernos selvagens. Ao longo do semestre, foram propostas aulas-oficinas que articularam literatura, arte e biologia, buscando deslocar visões utilitaristas sobre os seres vivos. Os dispositivos criados, bem como os cadernos, funcionaram como outras formas de perceber e se relacionar com a vida, abrindo espaço para currículos multiespécies mais responsivos, onde caiba o encantamento e a escuta silenciosa no ensino de biologia.

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Como Citar
Silveira, E. (2025). OS CADERNOS SELVAGENS: OUTROS-QUE-HUMANOS EM EXPERIMENTAÇÕES PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE BIOLOGIA. Revista De Ensino De Biologia Da SBEnBio, 18(nesp.1), 595–614. https://doi.org/10.46667/renbio.v18inesp.1.2013
Seção
Dossiê Temático: Ensino de Biologia diante do Antropoceno: fabulando respostas, experimentando caminhos

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