CORTAR, COSTURAR, CUIDAR PEDAGOGIA DO VÍNCULO E DA ESCUTA EM TRAVESSIAS MULTIESPÉCIES NO ANTROPOCENO
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo é um manifesto teórico-pedagógico em resposta ao Antropoceno, propondo a Pedagogia da Costura como insurgência contra a lógica do corte imposta pela racionalidade moderna e colonial. Analisando a violência epistemológica da ciência através de dispositivos visuais estratégicos, da alegoria autodestrutiva em Bosch e Goya à incisão visceral de Adriana Varejão, o texto cartografa as feridas no Ensino de Biologia. O argumento exige uma virada decolonial, mobilizando a "confluência" de Antônio Bispo dos Santos e o "adiamento do fim do mundo" de Ailton Krenak para fundamentar um currículo situado. Estruturado em forma de ensaio, o trabalho desloca o Ensino de Biologia da classificação para a coabitação multiespécie, cultivando a lentidão e a escuta radical ética e política. O artigo conclui que ensinar a vida é um ato de fabulação, tecendo vínculos em meio às ruínas e afirmando, na docência, que a esperança não é uma fuga, mas uma insurreição.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Referências
Referências
ACSELRAD, Henri. Ambientalização das lutas sociais? In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS, 2., 2004, Indaiatuba. Anais ANPPAS, 2004. Disponível em: https://anppas.org.br/anais. Acesso em: 5 ago. 2025.
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. 320 p.
AIKENHEAD, Glen S. Science education for everyday life: evidence-based practice. New York: Teachers College Press, 2006. 280 p.
BELLACASA, María Puig de la. Matters of care: speculative ethics in more than human worlds. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2017. 288 p.
BENJAMIN, Walter. Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem humana. In: BENJAMIN, Walter. Sobre arte, técnica, linguagem e política. Tradução de Maria Luz Moita. Lisboa: Relógio D’água, 1992. p. 177-196.
BENJAMIN, Walter. Theses on the Philosophy of History. In: BENJAMIN, Walter. Selected writings, Vol. 4: 1938–1940. Edited by Howard Eiland and Michael W. Jennings. Cambridge, MA: The Belknap Press of Harvard University Press, 2003. p. 389-411.
BERNAL, John D. A ciência na história. Tradução de Zoraide Iamamoto. Lisboa: Presença, 1976. 4 v.
BESSETTE, Lyanda Lynn Haupt. Rooted: life at the crossroads of science, nature, and spirit. New York: Little, Brown Spark, 2020. 320 p.
BONNEUIL, Christophe; FRESSOZ, Jean-Baptiste. The shock of the Anthropocene: the Earth, history and us. Tradução de David Fernbach. London: Verso, 2015. 304 p.
BRAIDOTTI, Rosi. The posthuman. Cambridge: Polity, 2013. 248 p.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, DF: Ministério da Educação, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_lingua.pdf. Acesso em: 5 ago. 2025.
BUTLER, Judith. Frames of war: when is life grievable?. New York: Verso, 2009. 196 p.
CADENA, Marisol de la; BLASER, Mario (org.). A world of many worlds. Durham: Duke University Press, 2018. 352 p.
CAPRA, Fritjof. The web of life: a new scientific understanding of living systems. New York: Anchor Books, 1996. 354 p.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2004. 208 p.
CHAKRABARTY, Dipesh. The climate of history: four theses. Critical Inquiry, Chicago, v. 35, n. 2, p. 197–222, Winter 2009. DOI: 10.1086/596640.
CRUTZEN, Paul J.; STOERMER, Eugene F. The “Anthropocene”. IGBP Newsletter, Stockholm, n. 41, p. 17–18, maio 2000. Disponível em: https://igbp.net/download/18.316f18321323470177580001401/1376383088452/NL41.pdf. Acesso em: 5 ago. 2025.
CUSICANQUI, Silvia Rivera. Sociología de la imagen: una reflexión sobre el lenguaje figurativo del pensamiento decolonial. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015. 160 p.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 1. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Prandi. São Paulo: Editora 34, 1995. 240 p.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. A thousand plateaus: capitalism and schizophrenia. Tradução de Brian Massumi. Minneapolis, MN: University of Minnesota Press, 1987. 556 p.
DESPRET, Vinciane. What would animals say if we asked the right questions?. Tradução de Brett Buchanan. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2019. 256 p.
DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem-sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Tradução de Vera de Toledo. Rio de Janeiro: Contracapa, 2010. 416 p.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Cascas. São Paulo: Editora 34, 2015. 128 p.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Invenção da histeria: Charcot e a iconografia fotográfica da Salpêtrière. Tradução de Vera de Toledo. São Paulo: Editora 34, 2001. 360 p.
ESCOBAR, Arturo. Designs for the pluriverse: radical interdependence, autonomy, and the making of worlds. Durham: Duke University Press, 2015. 336 p.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1988. 154 p.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1975. 288 p.
FRANCISCO, Papa. Laudato Si': sobre o cuidado da casa comum. Carta Encíclica. Roma: Libreria Editrice Vaticana, 2015. 192 p. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html. Acesso em: 15 jun. 2025.
GORDON, Avery F. Ghostly matters: haunting and the sociological imagination. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2008. 288 p.
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, Tempe, v. 24, n. 30, 2016.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Tradução de Fátima Cabral. Campinas: Papirus, 1989. 72 p.
GUATTARI, Félix. The three ecologies. Tradução de Ian Pindar e Paul Sutton. Londres: Athlone Press, 1990. 120 p.
HARAWAY, Donna J. Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Durham: Duke University Press, 2016. 296 p.
HARDING, Sandra. Is science multicultural?: postcolonialisms, feminisms, and epistemologies. Bloomington: Indiana University Press, 1998. 296 p.
HARDING, Sandra; SCHIEBINGER, Londa (org.). The gender and science reader. New York: Routledge, 1993. 480 p.
HODSON, Derek. Time for action: science education for an alternative future. International Journal of Science Education, Abingdon, v. 25, n. 6, p. 645-670, 2003. DOI: 10.1080/0950069032000052117.
HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. 320 p.
IPBES. Global assessment report on biodiversity and ecosystem services. Bonn: IPBES, 2019. 175 p.
JACOB, Margaret C. The Newtonians and the English Revolution, 1689-1720. Ithaca: Cornell University Press, 1981. 288 p.
KOHN, Eduardo. How forests think: toward an anthropology beyond the human. Berkeley: University of California Press, 2013. 280 p.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 736 p.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 88 p.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 10. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011. 256 p. (Original de 1962).
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. 152 p.
LATOUR, Bruno. Politics of nature: how to bring the sciences into democracy. Tradução de Catherine Porter. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2004. 320 p.
LEFF, Enrique. Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. 512 p.
LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2006. 292 p.
LOUREIRO, Carlos Frederico B. Educação ambiental e movimentos sociais na construção da cidadania ecológica. São Paulo: Cortez, 2012. 192 p.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Tradução de Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2011. 80 p.
MBEMBE, Achille. Necropolitics. Tradução de Steven Corcoran. Durham: Duke University Press, 2019. 128 p.
MERCHANT, Carolyn. The death of nature: women, ecology, and the scientific revolution. San Francisco: Harper & Row, 1980. 348 p.
MIGNOLO, Walter D. A colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 22, n. 63, p. 11-29, fev. 2007.
MOORE, Jason W. (org.). Anthropocene or Capitalocene?: nature, history, and the crisis of capitalism. Oakland: PM Press, 2016. 264 p.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. 128 p.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005. 120 p.
ORR, David W. The nature of design: ecology, culture, and human intention. New York: Oxford University Press, 2004. 232 p.
PRECIADO, Paul B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. São Paulo: n-1 edições, 2020. 272 p.
PRECIADO, Paul B. Pornotopia: an essay on pornography and the avant-garde. Tradução de Michael Turner. Nova Iorque: Zone Books, 2021. 272 p.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. CLACSO, 2000. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/grupo16/PPeninsu/quijano.pdf. Acesso em: 15 ago. 2025.
RANCIÈRE, Jacques. The emancipated spectator. Tradução de Gregory Elliott. London: Verso, 2009. 144 p.
ROLNIK, Suely. Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n-1 Edições, 2018. 232 p.
ROSA, Hartmut. Resonance: a sociology of our relationship to the world. Cambridge: Polity, 2019. 320 p.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina, 2018. 144 p.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2008. 311 p.
SANTOS, Boaventura de Sousa. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. 352 p.
SAUVÉ, Lucie. Educação ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-331, maio/ago. 2005.
SHAPIN, Steven. The scientific revolution. Chicago: University of Chicago Press, 1996. 240 p.
SMITH, Linda Tuhiwai. Decolonizing methodologies: research and indigenous peoples. London: Zed Books, 1999. 224 p.
STENGERS, Isabelle. Cosmopolitics II. Tradução de Robert Bononno. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2010. 272 p.
STERLING, Stephen. Sustainable education: re-visioning learning and change. Totnes: Green Books, 2010. 320 p.
TSING, Anna Lowenhaupt. The mushroom at the end of the world: on the possibility of life in capitalist ruins. Princeton: Princeton University Press, 2015. 352 p.
VAN DOOREN, Thom; ROSE, Deborah Bird. Slow science: a manifesto for a more caring scientific practice. Science as Culture, Abingdon, v. 26, n. 4, p. 595–598, 2017. DOI: 10.1080/09505431.2017.1350596.