O corpo orgânico é um objeto científico unicamente biológico? Abordagem genealógica para o estudo e a análise dos corpos

Conteúdo do artigo principal

Fulvio Cesar Garcia-Severino

Resumo

Este artigo questiona a apropriação do corpo biológico como objeto científico e padrão de inteligibilidade para as diversas experiências corpóreas dos sujeitos. Por meio de pesquisa genealógica, o estudo do qual este texto derivou analisou textos dos séculos xviii e xix para compreender como o corpo orgânico foi produzido cientificamente, sobretudo pela Fisiologia e pela Anatomia. Destacam-se os embates científicos, políticos, econômicos e sociais que, apagados da história linearizada da ciência, surgem como componentes importantes para que diversos corpos considerados abjetos tenham possibilidade de futuro. São também apresentadas duas discussões atuais (o caso da covid-19 e do TDAH), que, agregando conhecimentos não biológicos (das áreas da Ciências Humanas), trazem possibilidades de rompimento com a biologização dos corpos e de suas experiências.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Garcia-Severino, F. C. (2023). O corpo orgânico é um objeto científico unicamente biológico? : Abordagem genealógica para o estudo e a análise dos corpos. Revista De Ensino De Biologia Da SBEnBio, 16(nesp.1), 987–1011. https://doi.org/10.46667/renbio.v16inesp.1.987
Seção
Dossiê temático: Currículo e ensino de Biologia
Biografia do Autor

Fulvio Cesar Garcia-Severino, Universidade Federal de São Carlos

Doutor em Educação - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). São Carlos, SP - Brasil. Professor-orientador - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). São Carlos, SP - Brasil

Referências

BACHELARD, Gastón. A formação do espírito científico. Contribuições para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BEEKS, Robert. Etymological dictionary of greek. Leiden: Brill, 2010, 885 p.

BERNARD, Claude. Introduction à l’étude de la medicine expérimentale. Paris: J. B. Baillière et Fills, 1865.

BERNHARDT, Boris C., SINGER, Tania. The neural basis of empathy. Annu. Rev. Neurosci. v. 35, p. 1-23, 2012.

BISHOP, John. On the Physiology of the Human Voice. Philosophical Transactions, v. 136, 1846, p. 551-571.

BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm . Acesso em: 7 jan. 2018.

CANGUILHEM, Georges. Ideologia e racionalidade nas Ciências da Vida. São Paulo: Martins Fontes, 1977.

CANGUILHEM. Georges. O normal e o patológico. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2009, 154 p.

CHIARELLO, Maurício. Sobre o nascimento da ciência moderna: estudo iconográfico das lições de anatomia de Mondino a Vesalius. Scientiæ Studia, São Paulo, v. 9, n. 2, 2011, p. 291-317.

COLLECTIONS DES UNIVERSITÉS DE FRANCE. Platon, œvres complètes. Tome XIV. Lexique de la langue philosophique et religieuse de Platon. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

CORAZZA, Sandra. Para uma filosofia do inferno na educação. Nietzsche, Deleuze e outros malditos afins. Belo Horizonte: Autêntica. 2002. 104 p.

CUVIER, Georges. EXTRAIT D’OBSERVATIONS. Faites sur le Cadavre d’une Femme connue à Paris et à Londres sous le nom de Vénus Hottentotte. Memoires du Muséum d’Histoire Naturelle. Paris, Tomo terceiro, 1817, p. 259-274.

DARWIN, Charles. A origem das espécies. 3. ed. Belo Horizonte: Rio de Janeiro: Villa Rica Edições, 1994 [1859]. 352 p.

DICIONÁRIO GREGO-PORTUGUÊS. Cotia: Ateliê Editorial (2007, 2008, 2009, 2010).

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. 275 p.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FLAESCHEN, Hara. Mulheres negras sofrem mais violência obstétrica. In: Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), 2020. Disponível em: https://www.abrasco.org.br/site/noticias/8m-mulheres-negras-sofrem-mais-violencia-obstetrica/45463/. Acesso em: set./ 2023.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. 9 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 541 p.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. Curso no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. Curso no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008b.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Nascimento da prisão. 42. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014a.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24 ed. São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2014b.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. São Paulo: Paz & Terra, 2014c.

FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Edição comemorativa 100 anos. Rio de Janeiro: Imago, 2001.

FREUD, Joseph Knobel. Sobre o TDAH: transtorno ou invenção? Cienc. Cult., São Paulo, v. 66, n. 1, p. 54-57, 2014.

GARCIA-SEVERINO, Fulvio C. Breve ensaio sobre o silêncio. Cadernos da pedagogia. v. 15, n. 32, 2021, p. 139-150.

GARCIA-SEVERINO, Fulvio C. Genealogia dos corpos e a crítica da razão eucórpica. 2022. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, 2022.

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2017.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Textbook of medical physiology. 11. ed. Philadelphia, Pennsylvania: Elsevier Inc., 2006.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu. v. 5, p. 7-41, 1995.

HOME, Everard; BAUER, F. An examination into the structure of the cells of the human lungs; with a view to ascertain the office they perform in respiration. Philosophical Transactions, v. 117, 1827, P. 58-64.

HORTON, Richard. Offline: COVID-19 is not a pandemic. The Lancet, v. 396, 874 p., set./2020.

LAURENTI, Ruy. Novos aspectos da saúde pública. Rev. Saúde Pública, v. 25, p. 407-417, 1991.

LAURENTI, Ruy et al. A classificação internacional de doenças, a família de classificações internacionais, a CID-11 e a síndrome pós-poliomielite. Arquivos de Neuro-psiquiatria, São Paulo, v. 71, n. 9a., 2013.

LEAL, Maria do Carmo; GAMA, Silvana G. Nogueira da; PEREIRA, Ana Paula E.; PACHECO, Vanessa Eufrazino; CARMO, Cleber Nascimento do; SANTOS, Ricardo Ventura. A dor da cor: inequidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 33, Sup. 1: e00078816, 2017.

LE CAT; T.S. Two medico-chirurgical observations, by monsieur le cat: communicated in a letter to Mr. Serjeant Amyand, Dated at Rouen. Philosophical Transactions, v. 41, 1740, p. 712-724.

LE CAT, Claude Nicholas; UNDERWOOD Michael. A Monstrous Human Fœtus, Having Neither Head, Heart, Lungs, Stomach, Spleen, Pancreas, Liver, nor Kidnies. Philosophical Transactions, v. 57, 1767, p. 1-20.

LÉO-NETO, Nivaldo A.; FERNANDEZ, Kelly M. Saberes das lutas antirracistas sobre saúde e o novo coronavírus na formação docente. Revista de Ensino de Biologia da SBEnBio. v. 15, nesp. 2, p. 531-549, 2022.

LOURO, Guacira L. O corpo educado. Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, Revista do PPGAV/EBA/UFRJ. n. 32, dezembro, 2016, p. 122-151.

MALTHUS, Thomas. Ensaio sobre a população. In: MALTHUS, Thomas. Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1996 [1798]. p. 233-378.

MAINGUENEAU, Dominique. Cenas da enunciação. São Paulo: Parábola, 2008.

MOULIN, Anne Marie. O corpo diante da medicina. In: CORBAIN, A; COURTINE, J. J.; VIGARELLO, G. História do corpo 3. As mutações do olhar. O século XX. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2018, p. 15-83.

MÜNSTERBERG, Hugo. The physiological basis of mental life. Science. v. 9, n. 221, p. 442-447, 1899.

NABAIS, João-Maria. Rembrandt - o quadro A lição de Anatomia do Dr. Tulp e a sua busca incessante pelo conhecimento. Revista da Faculdade de Letras; Ciência e Técnicas do patrimônio. Porto (Portugal), Série I, v. VII-VIII, 2008-2009, p. 279-296.

NIETZSCHE, Friedrich W. Genealogia da moral. Uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

PARKER, G. H. The neurone theory in the light of recent discoveries. The American Naturalist, v. 34, n. 402, 1900, p. 457-470.

PLATÃO. O banquete. Tradução Donaldo Schüler. Porto Alegre: L&PM, 2017 [427-347 a.C.], 176 p.

PRIESTLEY, Joseph. Observations on respiration, and the use of the blood. Philosophical Transactions. v. 66, p. 226-248, 1776.

RAINEY, G. On the structure and use of the ligamentum rotundum uteri, with some observations upon the change which takes place in the structure of the uterus during utero-gestatio. Philosophical Transactions. v. 140, p. 515-520, 1850.

ROSLER, Roberto; YOUNG, Pablo. La lección de anatomía del doctor Nicolaes Tulp: el comienzo de una utopía médica. Rev. Med. Chile, v. 139, p. 535-541, 2011.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos e identidades. Uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. 156 p.

SILVÉRIO, Valter R.; SOUZA, KA; VIEIRA, PAS; RODRIGUES, TC; MOYA, TS. Relações étnico-raciais. In: MISKOLCI, Richard. (org.) Marcas da diferença no ensino escolar. São Carlos: Edufscar, 2014.

SINGER, Merrill; BULLED, Nicola; OSTRACH, Bayla; MENDENHALL, Emily. Syndemics and the biosocial conception of health. The Lancet. Series, v. 389, Mar 4, p. 941-950, 2017.

THE AMERICAN NATURALIST. Psychology. The American Naturalist. v. 20, n. 5, 1886, p. 474-479.

VENCATO, A. P. Diferenças na escola. In: MISKOLCI, Richard; LEITE-JR., Jorge. (org.) Diferenças na educação: outros aprendizados. Secadi/MEC, EdUFSCar. São Carlos. 2014.

WHO. WORLD HEALTH ORGANISATION. History of the development of the ICD. 2019. Disponível em: https://icd.who.int/icd11refguide/en/index.html#1.7HistoryofthedevofICD|history-of-the-development-of-the-icd|c1-7 . Acesso em: 16 out. 2019.

WOLF, Maryanne. O cérebro no mundo digital: os desafios da leitura na nossa era. São Paulo: Contexto, 2019. 256 p.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.