ENTRE EXCESSOS E AUSÊNCIAS EXPERIMENTANDO CAMINHOS NA FORMAÇÃO DOCENTE

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Thalia Bordignon Reis
Adriana Mohr
Giordano Wosgrau Calloni

Resumo

O Antropoceno, marcado pela ação humana, revela-se como um lugar de excessos e ausências. A lógica capitalista intensifica essas contradições ao gerir o presente pela produtividade incessante, mercantilização da vida e supressão de tempo livre. Nesse cenário de esgotamentos emergem fissuras que podem se abrir como espaços para experimentar outros caminhos. Este artigo retoma um desses espaços: um relato autobiográfico produzido em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no qual a escrita de si, situada no processo de desmantelamento do racismo internalizado, possibilitou reflexões sobre a própria formação e o atravessamento pela experiência larrosiana. Ao articular afetos, registro e tempo, concluímos que as narrativas autobiográficas podem inspirar reflexões para (re)pensar estruturas curriculares e evidenciamos a experiência como elemento essencial e (trans)formador para formação docente.

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Como Citar
Bordignon Reis, T., Mohr, A., & Wosgrau Calloni, G. (2025). ENTRE EXCESSOS E AUSÊNCIAS: EXPERIMENTANDO CAMINHOS NA FORMAÇÃO DOCENTE. Revista De Ensino De Biologia Da SBEnBio, 18(nesp.1), 144–163. https://doi.org/10.46667/renbio.v18inesp.1.2093
Seção
Dossiê Temático: Ensino de Biologia diante do Antropoceno: fabulando respostas, experimentando caminhos
Biografia do Autor

Thalia Bordignon Reis, Universidade Federal de Santa Catarina,undefined

Licenciada em Ciências Biológicas pela UFSC, com trajetória marcada por experiências práticas em laboratórios de microbiologia, embriologia, toxicologia e biologia celular. Atuei em projetos de iniciação científica, monitoria e estágios em instituições de ensino e saúde pública, desenvolvendo habilidades técnicas e sensibilidade no cuidado com pessoas. Nos últimos anos, aproximei-me da educação como espaço de transformação e de tempo de suspensão, com pesquisas e formações voltadas à formação docente, educação antirracista e experiência. Transito com interesse entre ciência, educação e questões sociais, buscando uma educação viva, comprometida com a transformação e, por isso mesmo, profundamente humana.

Adriana Mohr, Universidade Federal de Santa Catarina

Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988), mestre em Educação pelo IESAE/FGV (1994) e doutora em Educação: ensino de ciências naturais pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002) com doutorado-sanduíche na Université de Rouen e no Institut National de Recherche Pédagogique, França (1997-1998). É professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina no Departamento de Metodologia de Ensino e no Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica. Tem experiência na área de Educação, trabalhando principalmente nos temas de ensino de ciências, educação em saúde, alfabetização científica, livro didático, formação de professores e classe hospitalar. É pesquisadora integrante do grupo CASULO - Pesquisa e Educação em Ciências e Biologia, da Universidade Federal de Santa Catarina. É associada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1987), à Associação Brasileira de Ensino de Biologia (1998), à Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (1998), à Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (2001), à Associação Nacional de Pesquisa em Educação (2003), à Associação Nacional de Didática e Práticas de Ensino (2020) e à European Science Education Research Association (2021).

Giordano Wosgrau Calloni, Universidade Federal de Santa Catarina,undefined

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000), mestrado em Neurociências pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003), doutorado no Programa de Ciências Morfológicas (PCM) - pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007) e Pós-doutorado pelo Institut de Neurobiologie Alfred Fessard - CNRS, França (2009). Atualmente é professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina e é responsável pelo laboratório: Plasticidade e Diferenciação de Células da Crista Neural (LPDCCN).

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