“Tornar-se T(t)erra” a experiência da escrita da poesia como possibilidade de enraizamento na educação em Ciências
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Neste ensaio, mostraremos que a Educação em Ciências contemporânea tem sido fundamentada em uma racionalidade técnica e instrumental que promove uma hiperconceitualização dos fenômenos. Nela se apresentam modelos abstratos supostamente prontos em detrimento das experiências multissensoriais que levam à descrição e à interpretação da natureza, uma reversão ontológica. Uma das possibilidades para lidar com a reversão ontológica são as experiências estéticas, processos pré-cognitivos de relação às experiências com o mundo e os fenômenos ontológicos que nele se mostram. A arte se mostra uma possível promotora de experiências estéticas, potencializando a sensibilidade ao experienciar do mundo. Assim, apresentamos a experiência de reconhecimento da escrita de poesias como possibilidade de promover uma atitude estética em relação aos fenômenos, um enraizamento do ser na Educação em Ciências.
Downloads
Detalhes do artigo
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Brasiliense, 1981.
BLACKBURN, Simon. The Oxford dictionary of philosophy. 3. ed. Oxford: Oxford Univ., 2016.
CARMO, Ana Paula Carvalho do; SOUSA, Robson Simplicio de; GALIAZZI, Maria do Carmo. Experiências Estéticas na Formação de Professores de Ciências e Matemática: Influências da Hermenêutica Gadameriana. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 404-432, 2022.
CASADEVALL, Arturo; FANG, Ferric. Specialized Science. Infection and Immunity, v. 82, n. 4, p. 1355-1360, 2014.
DAHLIN, Bo; ØSTERGAARD, Edvin; HUGO, Aksel. An argument for reversing the bases Science education – a phenomenological alternative to cognitivism. Nordina: Nordic Studies Science Education, v. 5, n. 2, p. 185-199, 2009.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa-SPI, 2006.
EU LÍRICO. In: SILVA, Fabio Mario da. E-dicionário de termos literários de Carlos Ceia. 2016. Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/eu-lirico. Acesso em: 16 fev 2023.
FERRARO, José Luís Schifino. Currículo, experimento e experiência: contribuições da Educação em Ciências. Educação, Porto Alegre, v. 40, n. 1, p. 106-114, 2017.
FERREIRA, Gilmar Leite. A poesia educa. Revista Contemporânea de Educação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 12, p. 397-409, 2011.
FERREIRA, Gilmar Leite. O fenômeno da criação poética. Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 89-114, 2016.
FEYERABEND, Paul. Contra o método. São Paulo: UNESP, 2011.
FLICKINGER, Hans-Georg. A caminho de uma pedagogia hermenêutica. Campinas: Autores Associados, 2010.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1989.
FREITAG, Liliane da Costa. Extremo-oeste paranaense: história territorial, região, identidade e (re)ocupação. 2007. 209 p. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho”, Faculdade de História, Direito e Serviço Social, Franca, 2007.
FREITAS, Diana Paula Salomão de. O fundamento estético da ação do docente ou por uma pedagogia do sentir. In: DICKMANN, Ivanio (org.). Educar é um ato de amor. Veranópolis: Diálogo Freiriano, v. 1, 2020. p. 25-32.
GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica da obra de arte. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
GLAZ, Sarah. Poetry inspired by mathematics: a brief Journey through history. Journal of Mathematics and the Arts, n. 4, v. 5, p. 171-183, 2011.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des)caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2006.
GUEDES, Alexandre. Temporalidade, sentido autêntico da existência e a questão da ontologia fundamental em Heidegger. Natureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 219-236, 2020.
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. 10. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2015.
HERMANN, Nadja. Autocriação e horizonte comum: ensaios sobre educação ético-estética. Ijuí: Unijuí, 2010.
HERMANN, Nadja. Ética e estética: a relação quase esquecida. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
HERMANN, Nadja. Hermenêutica e educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
IARED, Valéria Ghisloti; DI TULLIO, Ariane; PAYNE, Phillip G.; OLIVEIRA, Haydée Torres de. Philosophical hermeneutics and critical pedagogy in environmental education research and practice. Canadian Journal of Environmental Education (CJEE), v. 20, p. 123-138, 2015.
LAGO, Clenio; VANI, Andressa Cristina. Experiência estética e formação: um desafio contemporâneo à educação. Impulso, Piracicaba, n. 25, v. 63, p. 57-76, 2015.
LAROSSA, Jorge. O ensaio e a escrita acadêmica. Educação & Realidade, Porto Alegre n. 28, v. 2, p. 101-115, 2003.
LEIVISKÄ, Anniina. Finitude, fallibilism and education towards non-dogmatism: Gadamer’s hermeneutics in science education. Education Philosophy and Theory, n. 45, v. 5, p. 516-530, 2013.
LIFE-WORLD. In: Encyclopedia Britannica. 2016. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/life-world . Acesso em: 14 fev 2023.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MOGILKA, Maurício. Ensinar e educar: processos diferentes, mas não antagônicos. TEIAS, Rio de Janeiro, v. 3, n. 5, p. 1-13, 2002.
MOOSBURGER, Laura de Borba. Mundo, terra e “não-encobrimento” em A origem da obra de arte. Artefilosofia, Ouro Preto, v. 3, n. 5, p. 35-47, 2008.
MOYA-MÉNDEZ, Natalia Calderón; ZWART, Hub. Science and poetry: poems as an educational tool for biology teaching. Cultural Studies of Science Education, v. 17, p. 727-743, 2022.
NASCIMENTO, Antônio José. A ciência que não pensa e a provocação da natureza em Heidegger. Conjectura: Filosofia e Educação, Caxias do Sul, v. 27, e022012, 2022.
OLIVEIRA, Lauro Ericksen. O ser-com como compartilhamento da verdade do ser-aí. Saberes, Natal, v. 3, número especial, p. 57-70, 2010.
ØSTERGAARD, Edvin. Earth at rest: aesthetic experience and students’ grounding in Science Education. Science & Education, v. 26, n. 2, p. 557-582, 2017.
ØSTERGAARD, Edvin. How can Science education foster students’ rooting?. Cultural Studies of Science Education, v. 10, n. 2, p. 515-525, 2015.
ØSTERGAARD, Edvin; HUGO, Aksel; DAHLIN, Bo. From phenomenon to concept: designing phenomenological science education. In: LAMANAUSKAS, Vincentas; VAIDOGAS, G. (Eds.). Proceedings of the 6th IOSTE SYMPOSIUM FOR CENTRAL AND EASTERN EUROPE, 2007. p. 123-129.
PEREIRA, Marcos Villela. Contribuições para entender as experiências estéticas. Revista Lusófona de Educação, v. 18, n. 18, p. 111-123, 2011.
PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. Trad. Celina Olga de Souza. São Paulo: Ed. 34, 2008.
ROTH, Wolff-Michael. Enracinement or the earth, the originary ark, does not move: on the phenomenological (historical and ontogenetic) origin of common and scientific sense and the genetic method of teaching (for) understanding. Cultural Studies of Science Education, v. 10, p. 469-494, 2015.
SANTOS, Valdirene Aparecida Araujo dos; SOUSA, Robson Simplicio de. A educação em uma abordagem fenomenológica: repercussões das experiências ontológicas na educação em ciências. Educação em Revista, v. 23, n. 1, p. 267–286, 2022.
SMOLICZ, Jerzy Jaroslaw. Fragmentation in science and education: An analysis of the community structure of science. Melbourne Studies in Education, v. 16, n. 1, p. 1–58, 1974.
SOCRAFTYME. String art in modern interior design. Disponível em: https://socraftyme.com/string-art-in-modern-interior-design/. Acesso em: 04 jun. 2023.
SOUSA, Robson Simplicio de. Atelier Científico: Incentivo a Atitudes Estéticas a partir de Exposições de Arte em Ciências e Matemática. In: VENTURI, Tiago; BARTELMEBS, Roberta Chiesa. Educação, Ensino e Ciências: formação docente e (re)existência na Universidade Pública. Curitiba: CRV, 2023. p. 59-71.
SOUSA, Robson Simplicio de; GALIAZZI, Maria do Carmo. Traços da hermenêutica filosófica na educação em ciências: possibilidades à educação química. Alexandria, n. 10, v. 2, p. 279-304, 2017.
TAMBONE, Vittoradolfo; PENNACCHINI, Maddalena. TACT glossary: technoscience. Clin Ter., v. 161, n. 6, p. 569-71, 2010. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21181089/. Acesso em: 14 fev. 2023.
TANAKA, Shogo. The notion of embodied knowledge. In: STENNER, Paul; CROMBY, John; MOTZKAU, Johanna; YEN, Jeffrey.; HAOSHENG, Yu. (ed.). Theoretical psychology: global transformations and challenges. Concord: Captus Press, 2011. p. 149-157.
THOMSOM, Iain. Ontology and ethics at the Intersection of Phenomenology and Environmental Philosophy. Inquiry, n. 47, p. 380-412, 2004.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR). Licenciar. Pró-Reitoria de Graduação. Curitiba, 2023. Disponível em: http://www.prograd.ufpr.br/portal/coafe/uaf/licenciar/ . Acesso em: 16 fev. 2023.